14 de dezembro de 2009

Deve ser esse clima nóstalgico de Natal, pois lembro dos meus avós, lembro tanto deles, pilates fundamentais da minha formação, como pessoa que sou, se me vejo igual a eles, sei que sou melhor por isso. Sinto uma enorme saudade, e dentro do peito uma terrivel limitação, de não poder mais abraçar minha vó, e nem fazer com que ela me conte histórias. E aquele limoeiro será que ainda resiste ao tempo entregue ao nada? quantos dedos feridos em ti limoeiro, quanta falta de ti.
Meu avó cheirava a solidão, sentado naquela cadeira de balanço, imagino que até hoje se balança o velhinho naquela antiga sala de piso de madeira, pedindo um cigarro a qualquer um que chegasse a porta da sua casa, seu nariz prepotente, sua origem gritante de comerciante, de vez enquando perguntava quem eu era, e eu: - Flaviane, vovô, filha da Janildes e ele: ah mas você está grande, sim, a filha da Janildes!, culpa daquele azlheimer, e lá vinha ele me perguntar de novo quem realmente era eu, bem vovô ainda não sei a resposta certa, mas espero um dia poder te contar.Esses são os pais da minha mãe, Raimunda (chamada carinhosamente de doquinha) e Almir, moravam num casarão no centro da cidade, onde o quintal enorme, era para mim uma grande aventura, andar descalça sentindo cada pedrinha daquele quintal era uma diversão, brincar com soldadinhos do pé de carambola, contar quantos aviões passavam no céu. Minha casa era lá, pois foi lá que guardei as melhores lembrança de minha infância.
Tinha a vó Aída, mãe do meu pai, ela morava conosco, mas foi embora muito cedo. Lembro de ter sido acordada por uma ladainha fervorosa e cheia de dor, era minha vó que tinha partido, e junto com ela os pequenos prazeres que eu cultivava quando menina: a banana com açucar que ela me dava depois do almoço e a sua enorme cama de casal que eu vivia deitada.
Deve ser mesmo esse clima de Natal, essa vontade enorme de ter todo mundo junto de novo.Sei que não posso trazer os que já foram de volta, mas sei também que posso fechar meus olhos e reviver o passado, por isso quando chego em casa trato logo de tirar os sapatos, e ficar descalça, sentindo as pedrinhas daquele velho quintal de novo.

3 comentários:

Léia Lima disse...

Nossa, conheci um pouco da tua infância! Cada vez mais eu conheço uma nova faceta tua(no bom sentido claro), seja aqui ou pessoalmente.

:)

Sílvia Letícia disse...

Amei o blog!

Feliz Ano Novo :)

Beijos

Kelly Moraes disse...

Temos o mundo inteiro no nosso quintal!!!

=D

P.S. Também brinquei muitoooo lá no casarão!!!

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